Desde a expansão do império macedônico com Alexandre, o Grande (séc. IV a.C.) na Antiguidade, passando pela Rota da Seda até as viagens de Marco Polo (séc. XIII) no final da Idade Média, as regiões que hoje vão da Europa à Ásia, denominadas comumente ‘Ocidente’ e ‘Oriente’, tem sido o palco de encontros e desencontros. Por meio do avanço de grandes impérios e do estabelecimento de rotas comerciais, diversos intercâmbios culturais foram possíveis, promovendo inclusive o debate entre doutrinas, ideias e escolas de pensamento filosófico. A modernidade europeia trouxe à tona tais (des)encontros na forma dos movimentos orientalistas que tiveram lugar na França (séc. XVIII com a Ilustração) e na Alemanha (séc. XVIII-XIX com o Esclarecimento e Romantismo), onde escritores e filósofos europeus tais como Malebranche, Voltaire, Goethe, Leibniz, Hegel e Schopenhauer foram os principais personagens desse encontro intercultural com as ideias de Zoroastro, Buda, Lao Zi, Confúcio, Zhuang Zi e Patanjali. Hoje, a Filosofia questiona o chamado eurocentrismo e lança um olhar mais amplo para esse processo histórico-cultural, assim se faz necessário avaliar os efeitos desses encontros-desencontros de ideias, seu alcance e potencialidades para repensar o estatuto e o cânone tradicional da Filosofia em diálogo com as alteridades filosóficas presentes em um mundo cada vez mais consciente de sua diversidade e pluralidade cultural.